REGENERAÇÃO NATURAL E
COLOCAÇÃO DE ABRIGOS PARA AVES E MORCEGOS
Na zona de montado da exploração, caracterizado pelo habitat "Montados de Quercus spp. de folha perene" (6310), pretende-se reforçar a regeneração natural do sobreiro que existe em consociação com a pastagem de gado bovino e equestre com baixa densidade de encabeçamento. De acordo com o plano setorial da Rede Natura 2002, estes espaços, prestam múltiplos serviços do ecossistema, tais como: Produção de cortiça; Retenção do solo; Regulação do ciclo da água; Refúgio de biodiversidade; Produção de alimento (consumo animal e humano); Informação estética, Informação espiritual e histórica; Educação e ciência.
As áreas de montado, tem vindo a ser afetadas por mortalidade das árvores, por decrepitude ou disrupção funcional do ecossistema. Outras, no entanto, apresentam um bom estado sanitário, persistindo, todavia, a ausência de possibilidade de regeneração das árvores como o maior problema.
A intervenção nesses locais será para promover a regeneração natural, colocando protetores metálicos (cactus) em torno dos melhores exemplares. Pretende-se ainda colocar caixas de abrigo para aves e morcegos em algumas das árvores adultas, por forma, a potenciar a presença de algumas das espécies existentes na Zona de Proteção Especial.
Desenvolveram-se então, dois protótipos para as aves (uma caixa com um orifício de entrada circular – mais propício para espécies como chapins que preferem orifícios semelhantes a cavidades naturais para a nidificação – e outra com um orifício de entrada retangular – mais propício para os turdídeos, como os tordos ou melros que preferem abrigos que lhes proporcionem uma boa visibilidade durante a incubação) e um para morcegos. Ambos os modelos têm as normas e os pressupostos do ICNF e da LPN, sendo que a única alteração feita foi no modelo para os morcegos, em que nos inspiramos no projeto desenvolvido pela EDIA, e incluímos um poleiro na parte inferior da caixa para a monitorizar a sua ocupação.
Abrigos para Aves
Pressupostos e normas de orientação LPN
Abrigos para Morcegos
Pressupostos e normas de orientação LPN
• As caixas devem ser instaladas em locais próximos de pontos de água ou estruturas edificadas junto a fontes de luz. Estes locais são as áreas preferenciais da maioria dos insetos – fonte de alimentação dos morcegos. Fixe o abrigo, em árvores, postes ou muretes. (Tenha em atenção a luz existente nestes locais – se for muito intensa os morcegos podem ficar desorientados).
• As caixas devem ser fixadas a uma altura mínima de 3 metros (preferencialmente entre os 4 e os 6 metros) de modo a evitar o seu acesso a potenciais predadores – nomeadamente gatos.
• As caixas devem ser colocadas com uma orientação preferencialmente para Sul ou Nascente para que apanhem luz direta do sol pelo menos durante 6h/dia e evitarem os ventos dominantes. Certifique-se que estão bem seguras e protegidas.
• No caso de colocar nas árvores, tenha em atenção para a colocar abaixo da copa da árvore e não ter quaisquer ramos que possam dificultar a entrada dos morcegos na caixa.
• Depois de a instalar opte por impregnar os abrigos com o cheiro dos morcegos – guano. O guano é uma mistura de água e dos dejetos dos morcegos que extramente odorífica. Ao espalhar esta mistura nas reentrâncias e no poleiro (situado na parte inferior para monitorização) da caixa-abrigo vai aumentar a probabilidade de ocupação da mesma
INSTALAÇÃO DE ABRIGOS PARA MORCEGOS
• Antes de colocar as caixas-abrigo para aves tenha em atenção o habitat envolvente, incluindo o tipo de vegetação existente e as espécies de aves residentes. A melhor época para a sua instalação é o período entre outono e início do inverno, fazendo com que as aves se habituem à sua presença na primavera (altura da nidificação). Realça-se que até começar a época de reprodução as aves utilizam as caixas abrigos como refúgio durante a noite.
• As caixas devem ser fixadas (bem seguras evitando oscilações) a uma altura compreendida entre 2 e os 4 metros de modo a evitar o acessos por predadores carnívoros terrestres – como gatos, fuinhas ou doninhas. Podem ser fixadas em troncos, árvores ou paredes verticais.
• Evitar colocá-las em locais com muito ruído ou movimentação humana – quanto mais sossegado o local, maior a probabilidade de sucesso – assim como locais onde são utilizados herbicidas e pesticidas – além de poderem afetar as aves, podem afetar a sua fonte de alimento. Caso coloque as caixas em estruturas lenhosas, evite zonas onde a folhagem tape a caixa em demasia ou
locais com ramos próximos do orifício de entrada de modo a manter uma boa visibilidade e limitar o possível ataque de predadores.
• Escolha um local ameno protegido da chuva e coloque a abertura de entrada da caixa-abrigo virada a Sul ou a Leste (evitando assim os ventos dominantes provenientes de norte ou oeste). Realça-se, que a fixação da caixa-ninho deve ter em conta o crescimento natural da árvore onde foi instalada.
• Evite colocar as caixas-abrigo iguais muito próximas umas das outras ou na mesma árvore. Muitas aves são territoriais, portanto a colocação próxima de abrigos poderá gerar alguma agressividade entre casais vizinhos, levando por sua vez à não ocupação de alguns abrigos. Procure colocar os abrigos a uma distância de 20/25 metros uns dos outros
• Após a sua colocação, não perturbe o local do ninho, principalmente se verificar que este está ocupado. Muitas aves abandonarão a sua caixa se se sentirem ameaçadas, independentemente de já terem iniciado a postura dos ovos ou que já tenham tido crias. Faça a monitorização à distância.
• Não se preocupe e não desmotive, muitas vezes as aves demoram tempo a descobrir a existência das caixas-ninho. Existem vários fatores a ter em conta que podem causar a não ocupação – podem existir outras cavidades naturais na área envolvente que servem de abrigo, as condições de instalação não foram bem consideradas, ocorreu a perturbação durante alguma fase, entre outros… Caso verifique que o abrigo não é utilizado (passado várias épocas de reprodução) mude a sua localização.
INSTALAÇÃO DE ABRIGOS PARA AVES
CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
Mês | Colocação das caixas-ninho | Ocupação das crias | Postura e eclosão | Limpeza dos ninhos |
---|---|---|---|---|
Dezembro | Yes | No | No | No |
Novembro | Yes | No | No | No |
Outubro | No | No | No | Yes |
Setembro | No | No | No | Yes |
Agosto | No | No | No | Yes |
Julho | No | No | Yes | No |
Junho | No | No | Yes | No |
Maio | No | No | Yes | No |
Abril | No | No | Yes | No |
Março | No | Yes | No | No |
Fevereiro | No | Yes | No | No |
Janeiro | No | Yes | No | No |
O ninho no interior das caixas-ninho deve ser removido na totalidade, de modo a diminuir a passagem de parasitas entre diferentes posturas. A melhor altura para limpar será no final do verão, mas certifique-se primeiro que a caixa-ninho não se encontra ainda ocupada. Atenção que a mesma caixa-ninho pode ser utilizada para mais do que uma postura num mesmo ano, dependendo das condições climatéricas, do alimento disponível ou outros fatores.